Como Reduzir o Consumo de Carne e Preservar a Nutrição ?
Reduzir pela metade o consumo atual de carne na França, para chegar a no máximo 450 gramas por semana, ajudaria a alcançar os objetivos climáticos estabelecidos para o país, de acordo com um estudo da Action Climat Network e da Sociedade Francesa de Nutrição publicado na terça-feira.
Aqui estão alguns exemplos de refeições possíveis, de acordo com uma das autoras do estudo.
Comer bem para o corpo e também para o planeta, é possível?
A Sociedade Francesa de Nutrição e a Action Climat Network investigaram essa questão em um estudo publicado nesta terça-feira, 20 de fevereiro.
Em 2017, na França, as emissões de gases de efeito estufa relacionadas à alimentação foram, em média, de 2,1 toneladas de CO2 equivalente por pessoa por ano, de acordo com o Comissariado Geral para o Desenvolvimento Sustentável.
Isso corresponde ao objetivo estabelecido para todas as emissões (incluindo transporte ou habitação) por francês até 2050. Essas emissões significativas contribuem para o aquecimento global.
Elas vêm principalmente da carne, do processo de fabricação dos alimentos, de seu modo de transporte…
Como adotar uma dieta sustentável?
Para definir “dietas sustentáveis”, a Action Climat Network, que reúne cerca de trinta associações, e a Sociedade Francesa de Nutrição (SFN), que se descreve como uma “sociedade científica” composta por especialistas do setor público e privado, realizaram “um trabalho de modelagem” com a empresa de consultoria MS Nutrition.
O estudo da SFN e da Action Climat Network mostra que “é possível reduzir em 50% o consumo de carne enquanto se satisfaz a adequação nutricional e sem recorrer a produtos enriquecidos ou suplementos”. Uma redução pela metade que “levaria a uma redução do impacto de carbono da alimentação entre -20% e -50% dependendo do tipo de mudanças alimentares associadas”, conforme indicado.
O estudo toma como referência os compromissos assumidos pela França no âmbito de sua segunda estratégia de baixo carbono, que visa particularmente uma redução de 46% das emissões de gases de efeito estufa de seu setor agrícola até 2050.
Concretamente, como são as refeições recomendadas por este estudo? Nicole Darmon, diretora de pesquisa do Inrae (instituto de pesquisa público especializado em agricultura) que participou de sua redação, ilustra para o BFMTV.com.
Para alcançar os objetivos climáticos da França e ter uma dieta interessante do ponto de vista nutricional, Nicole Darmon recomenda comer carne, peixe ou ovos todos os dias, mas em apenas uma refeição.
Em detalhes, o cardápio poderia ser assim:
- Segunda-feira: carne vermelha (boi, porco, cordeiro…)
- Terça-feira: ovos (mexidos, cozidos, em uma quiche, em uma torta…)
- Quarta-feira: peixe magro (pescada, bacalhau, linguado…)
- Quinta-feira: carne branca (frango, pato, peru…)
- Sexta-feira: ovos (mexidos, cozidos, em uma quiche, em uma torta…)
- Sábado: peixe gorduroso (salmão, sardinha, cavala, truta…)
- Domingo: embutidos (presunto, carne seca…)
Que pratos podem ser consumidos durante a segunda refeição do dia, sem ovos, carne ou peixe? Esses pratos podem conter laticínios.
Nicole Darmon menciona, por exemplo, gratinados, sopas, paellas, saladas… Para complementar essas refeições, a especialista em nutrição recomenda leguminosas “todos os dias”: lentilhas, grão de bico…
Mais geralmente, cada um deve aumentar seu consumo de frutas e legumes para se aproximar dos níveis recomendados pelo Programa Nacional de Nutrição e Saúde. Este último, que estabelece as recomendações nacionais do ponto de vista nutricional, recomenda consumir cinco porções de 80 a 100 gramas de frutas ou legumes por dia.
Isso corresponde, de acordo com o site oficial “Manger Bouger”, a “um tomate de tamanho médio, um punhado de rabanetes ou feijões verdes, uma tigela de sopa, uma maçã, dois damascos, quatro ou cinco morangos, uma banana…”
As frutas oleaginosas (nozes, avelãs, amêndoas) também são “bombas nutricionais”, segundo Nicole Darmon. Elas são fontes de ácidos graxos ômega-3, magnésio, potássio… A diretora de pesquisa do Inrae estima que esses alimentos devem ser incorporados em nossas refeições “todos os dias”, em tortas salgadas ou sopas, por exemplo.
Por fim, os produtos cereais também são importantes para acompanhar um prato, mas Nicole Darmon sugere priorizar massas, arroz ou semolina integrais em vez de refinados.
O objetivo do estudo era encontrar exemplos de “dietas” que representassem “um bom compromisso entre aceitação cultural e redução dos impactos ambientais, sem comprometer a adequação nutricional”. Além dessas vantagens, aquelas modeladas pelo estudo permitem reduzir em 10% o orçamento alimentar dos franceses, segundo Nicole Darmon.